Reflexões de Novembro: Mortalidade e Abstração

Andei refletindo sobre a morte nos últimos tempos. O que vou dizer pode parecer estranho, mas eu acredito que é importante que morram pessoas assim, de repente, pra nos trazer de volta da fantasia. Não disse que é bom, só que é importante quando acontece.

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Para que nós, seres humanos, consigamos seguir a vida, é importante que a gente consiga  se alienar, ficar alheio à nossa própria mortalidade. A gente precisa pensar que amanhã vai acordar, limpar a casa, fazer um almocinho gostoso, talvez uma lasanha afinal é domingo, assistir alguma coisa, e por aí vai. E a gente só faz tanto planejamento, desenvolve rotina, pq a gente esquece que vai morrer. Amanhã você pode não acordar e todo seu planejamento vai por água abaixo.

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Por outro lado, se estivéssemos 100% conscientes o tempo todo de que a vida pode acabar em 2s, a gente viveria uma Babilônia, fazendo o que dava vontade na hora que da vontade ou uma eterna depressão de pensar que de nada adianta fazer coisas porque vamos morrer (ou até começar na euforia e acabar na melancolia). Esquecer que somos mortais e não temos nenhum controle sobre isso nos ajuda a seguir a vida.

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Porém, tem alguns momentos em que algo acontece e nos traz de volta, esfrega na nossa cara que a gente morre, inclusive com muita facilidade. E acho que esses momentos, mesmo que durem 30 minutos, nos fazem pensar no que é tempo de qualidade e como gastamos ele.

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Porém, eu acho que muita gente usa esses eventos pra te fazer sentir mal por "não estar aproveitando a vida", quando não deveria ser assim. Afinal o que é esse tal aproveitar bem a vida? Existe jeito certo e errado de viver? Pra mim, essa lembrança de mortalidade é uma ajuda pra sair de uma espiral de ansiedade. Eu costumo me apegar demais aos detalhes, as coisas ruins (sejam elas reais ou não), e lembrar que eu vou morrer me faz pensar que "é melhor feito do que perfeito".

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Um dia, pensei em levar minha mãe pra almoçar fora, tinha muito tempo que a gente não fazia isso. Eu passei uma semana debatendo o melhor dia, planejando e desistindo pq ficava pensando se ia ser legal, achando que ela não ia gostar, pesando em tudo que podia dar errado, todos os obstáculos, pensando que ela não ia querer. Um dia eu fui dormir pensando "pronto, amanhã eu vou, quando acordar eu falo com ela pra irmos. E oq aconteceu no dia seguinte? Isso mesmo, não tivemos a chance.

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Óbvio que com o tempo eu fui esquecendo novamente que sou uma mera mortal e voltei a planejar, pq é isso que nos mantém vivos, ter um propósito nem que seja pra próxima hora. Mas vez ou outra a morte manda lembranças e  eu desenterro algum projeto que tinha jogando debaixo do tapete de ansiedade e falsa sensação de que preciso ter tudo sob controle antes de executar (ou seja, nunca acontecia).

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Esse textão não tem conclusão alguma, então se você chegou aqui aguardando a moral da história, não tem. Reflexões nem sempre precisam ter conclusão, as vezes só servem pra nós por em movimento.

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Até a próxima aparição anual nesse blog kkkkkkkk

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